terça-feira, 17 de março de 2009

Sermão da Sexagésima

E aí galera.
Essa semana publico trechos do Sermão da Sexagésima do Padre Antônio Vieira.
Padre Antônio Vieira foi considerado o maior orador sacro português, uma das figuras mais lúcidas de seu tempo. Viveu entre 1608 e 1697. Deixe seu comentário. Semana que vem tem mais.

Sermão da Sexagésima (trechos)
Entre o semeador e o que semeia há muita diferença. Uma coisa é o pregador, e outra o que prega. O semeador e o pregador, é nome; o que semeia e o que prega, é ação; e as ações são as que são ser ao pregador. Ter nome de pregador, ou ser pregador de nome, não importa nada; as ações, a vida, o exemplo, as obras, são as que convertem o mundo. O melhor conceito que o pregador leva ao púlpito é o conceito que de sua vida têm os ouvintes. Antigamente convertia-se o mundo: hoje por que não se converte mais ninguém? Porque hoje pregam-se palavras e pensamentos; antigamente pregavam-se palavras e obras. Palavras sem obras são tiro sem bala; atroam, mas não ferem. A funda de David derrubou ao gigante; mas não o derrubou com o estalo, senão com a pedra. Para falar ao vento bastam palavras; para falar ao coração são necessárias obras.
[...]
Eis aqui o que devemos pretender nos nossos sermões; não que os homens saiam contentes de nós, senão que saiam muito descontentes de si; não que lhe pareçam bem os nossos conceitos, mas que lhes pareçam mal os seus costumes, as suas vidas, o seu passatempo, as suas ambições, e enfim todos os seus pecados. Contanto que se descontentem de si, descontentem-se embora de nós.

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